a sombra
chega cedo no vale dos prédios
o céu é encoberto por nuvens de pedra
O labirinto
é um xadrez
e comprime o
céu contra a fumaça
e se mistura a este
o labirinto da sua batalha
às vezes orgânico
qualquer
refúgio nos foge
não há escape nem abrigo
por entre muros dinâmicos
não se sabe
pra onde vamos
e talvez não
seja preciso
sei que aqui a solidão
ela se esconde pelos cantos
o labirinto
do seu dia-a-dia
sem sabor
que não te engana
seu caminho de noite-e-dia
de semana e fim-de-semana
(Não é esta sua vidinha?
sempre igual
e diferente
quase como a minha
que não ousa nem pretende)
A calçada da
cidade é o fundo do tédio
a origem e
um fundo de mar
Se te salvaria desta prévia perda
beber arte ou paixão
(fosse um instante)
amar ou odiar
não sabemos e não há bebida ou remédio
Quem sabe a realidade não é boa e uma tragédia?
...nos
lugares onde as nuvens são de pedra!
pedras retas
artificiais
belas nuvens
sem vertigem
elas não se movem
(alugam-se imóveis)
que não flutuam que não chovem!
(desordem e ordem)
que não pululam ou se dissolvem
prévia perda perdida em alguma hora que se foi
antes desta cidade
Quem sabe a realidade não é uma boa e não é mesmo
...e não é
mesmo só uma tragédia?
...nas aldeias onde as nuvens são pedras...