sábado, 12 de janeiro de 2019


de vez em quando na sequência de despedidas
enquanto se crê que não há mais nada
na comédia comedida de nossas vidas
a gente se resigna fazendo rimas com risada
e vamos seguindo o total improviso do destino
esse cretino ironizando o fato do prazo ser finito

o humor de cada dia alivia um pouco a nossa carga
com um pouco de fé na vida o vislumbre se alarga
mas se a tristeza existe ela é parte de ser alegre
e compreendendo que se completam, a gente segue

vamos cumprindo o total improviso do destino
assim vamos tragando um certo gosto de absinto
jogando conversa  com esse senhor sem muito tino
num papo de loucos, nenhum de nós sabe o caminho


o Tempo é o tempo que resta
e o dia de ontem está fora do alcance
pessoa, o que passou  não se conserta
por isso o assunto que interessa
é onde se pode chegar nos próximos lances

pode ser um alerta, uma direta
mas a permanência a nada pertence
então não perca as horas em promessas
pois quando passarem, foram tão depressa
é a sua existência, de boa aproveite suas chances

o porvir é também o por fazer
o possível, porém, é um bocado invisível
não se manda no que pode acontecer
e você nem sabe muito de você
...mas isso não ajuda a coisa toda a ser incrível?





parece que virou uma aposta!
a o que tu estás querendo infligir a derrota?
alguma hora ainda vai ser ao teu fígado,
por enquanto deve ser o teu espírito
que estará tentando uma fuga

obcecado que tu nem notas
o quanto ninguém mais se importa
dando de laço em cavalo morto, amigo
não vais mover a estrada um centímetro
talvez ele seja tua mente surda

tu ainda estás chutando a porta
o que esperas achar dentro dessa birosca?
já não tens mais nem que correr o risco
abre os olhos e vê que já era tudo isso!
e agora és tu a coisa que te suga


Ruínas da Casa da Soteia - Santa Maria (cartão postal)

domingo, 18 de novembro de 2018



você que se vê metido nesse mecanismo vulgar
e pensa em desistir, pois você mesmo é matéria fugaz
lembre, quando estiver ferido enfrentando feras
que o hamster é uma preza que a pantera despreza

sim, você de coragem que está em situação braba
maneado a cordas de maneira que não se escapa
lembre, uma vez mais, que viver é pelejar
e o sentido, meu amigo, é a gente que faz

sei, a existência tinha que ser bem mais farta
cada país devia ter sua montanha de prata
a pobreza é a sombra de um jaguar
sempre à espreita da nossa jugular

mas e você aí, velho reaça
que condena ser livre com velhas lorotas
com seu fascismo em sofismas hipócritas
perceba a soberba do seu linguajar
toda avareza é um jeito de se enjaular

mas e você aí, sua farsa
que só fala merda com suas letras mortas
distorcendo a realidade dos fatos que não suporta
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar

mas e você aí, fascista de merda
o que restará de você, criatura necrófita
se seu ódio pelo justo jamais se esgota?
a falácia é sua a forma de se rastejar
é uma jararaca humana, sanguessuga de enojar

mas e você aí, imundície lerda
você sabe que não passa de bosta
você é pior do aquilo que arrota
você fede mais do que o lugar de mijar
Sua cara-de-pau imundame faz enjoar

mas e você aí, juventude de merda
que só fala merda com suas letras mortas
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar
Mas e você aí, fascistinha de merda
com seu fascismo em sofismas hipócritas
Você sabe que não passa de bosta
é uma jararaca  humana, sangue-suga de enojar
é uma jararaca  humana, sangue-suga de enojar

Mas e você aí,  velho reaça
que condena ser livre com velhas lorotas
com seu fascismo em sofismas hipócritas
perceba a soberba do seu linguajar
toda avareza é um jeito de se enjaular

Mas e você aí, sua farsa
Que só fala merda com suas letras mortas
Distorcendo a realidade dos fatos que não suporta
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar

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sexta-feira, 9 de novembro de 2018


a rua não é só de se passar
é rua de estar, de jantar
e até de dormir, eu assumo
a rua com suas portas pra outros mundos
alinhadas, proibidas, permitidas
são suas muitas entradas pelos fundos

ruas cheias de tudo, um resumo
há quem dê um significado mais profundo
cidadãos, transeuntes, motoristas
a outros lhes chamam somente vagabundos


o tempo e o velho

...num pedacito de tempo cada vez mais curto
sou paralisado entre o passado e o futuro
mesmo assim, nada pode ser mais coerente
sou preso do lado de fora
...do andamento das horas
onde é esmagado mais que um alfinete
desaparecendo infinitamente
até mesmo ...o Agora

hoje entendo que se o presente...
é menos que o instante, ele já é passado
não serve pra nada não
se não se pode ter nas mãos sem quebrá-lo
por isso eu lhe dou a chance de um dia
em que durem minhas horas de vigília
quando se inicia certeiro mais um outro percurso
do sol ao redor dos ponteiros dum relógio de pulso

em compasso com minha pulsação
impulsionada pelo espaço do tempo
a minha percepção vem a termo
numa viagem da reflexão
frente à fogueira, como quem pensa
na revolucionária dedução da Existência


a cidade só pode ser melhor ou pior do que si
a dignidade não vai se recuperar com um poema
mas eu confesso... as frases mil vezes escritas
com palavras repetidas que espalho por aí
que cada ode à cidade é sempre a mesma
com uma dose de ódio àquelas ruas desertas
e um desejo quase inconsciente de uma cidade infinita
meu desdém ardente pela vasta urbanóide em oferta
pra na minha utopia desenhar o desenho
com milhões de toneladas de concreto e vidro
e aí pré-destinar os encontros alheios
do jeito “improvável” que vão haver sido