segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019


o céu escorre azul nas frestas
entre os edifícios do centro
permeia as histórias incertas
sob torres de barro e cimento           
onde o vício que é a solidão
põe o mundo fora de questão

um fio do firmamento da cor do cobalto
em uma ou outra perspectiva ligeira
às vezes até encosta na lixa do asfalto
é curioso como la ciudad se apresenta
aqui tudo parece contradição pura
ainda que seja dura, cinzenta demais
não importa o tamanho nem a altura
a arquitetura é noventa por cento ar

e nenhum outra possibilidade está
longe daqui, meu amigo!
sem colunas para lhe sustentar,
o céu também pode te esmagar
é uma fobia que exige abrigo
a imensa claridade pode assustar

                ...e mostrar que não há nada demais em nenhum lugar


quantos poetas já confessaram
que palavras não são suficientes
em versos, prosas e conversas fora?

tantos enlouquecidos já tentaram
com ninguém vai ser diferente
então, por favor, te contenta agora

eu sei o que é, mas não posso explicar
afinal, não são palavras o que sinto
e, no mais, não são tão difíceis de falar

seus conceitos se pode convencionar
mas os sentimentos são instintos
e é você quem tem que completar!

mas como transmitir a voz do peito?
compartilhando-a, ao menos
em vez de esgoelar a brava magia?

como transmitir, seja de algum jeito?
será em pacotinhos pequenos
em vez de exageros e pirotecnias?


refletindo diante da margem
eu diria se me perguntassem
que prefiro os rios de águas barrentas
penso que são os autênticos
descendo os leitos do continente
incontidos com uma fúria lenta

gosto mais de ver a turbidez fluir
não entre cânions, mas enchendo várzeas
camperiando por prados e arrozais
...é que fui criado na crista das águas
que caem pros lados do rio Jacuí
ou pros braços largos do Uruguai


Rio Jacuí e Morro Agudo

sábado, 12 de janeiro de 2019


de vez em quando na sequência de despedidas
enquanto se crê que não há mais nada
na comédia comedida de nossas vidas
a gente se resigna fazendo rimas com risada
e vamos seguindo o total improviso do destino
esse cretino ironizando o fato do prazo ser finito

o humor de cada dia alivia um pouco a nossa carga
com um pouco de fé na vida o vislumbre se alarga
mas se a tristeza existe ela é parte de ser alegre
e compreendendo que se completam, a gente segue

vamos cumprindo o total improviso do destino
assim vamos tragando um certo gosto de absinto
jogando conversa  com esse senhor sem muito tino
num papo de loucos, nenhum de nós sabe o caminho


o Tempo é o tempo que resta
e o dia de ontem está fora do alcance
pessoa, o que passou  não se conserta
por isso o assunto que interessa
é onde se pode chegar nos próximos lances

pode ser um alerta, uma direta
mas a permanência a nada pertence
então não perca as horas em promessas
pois quando passarem, foram tão depressa
é a sua existência, de boa aproveite suas chances

o porvir é também o por fazer
o possível, porém, é um bocado invisível
não se manda no que pode acontecer
e você nem sabe muito de você
...mas isso não ajuda a coisa toda a ser incrível?





parece que virou uma aposta!
a o que tu estás querendo infligir a derrota?
alguma hora ainda vai ser ao teu fígado,
por enquanto deve ser o teu espírito
que estará tentando uma fuga

obcecado que tu nem notas
o quanto ninguém mais se importa
dando de laço em cavalo morto, amigo
não vais mover a estrada um centímetro
talvez ele seja tua mente surda

tu ainda estás chutando a porta
o que esperas achar dentro dessa birosca?
já não tens mais nem que correr o risco
abre os olhos e vê que já era tudo isso!
e agora és tu a coisa que te suga


Ruínas da Casa da Soteia - Santa Maria (cartão postal)

domingo, 18 de novembro de 2018



você que se vê metido nesse mecanismo vulgar
e pensa em desistir, pois você mesmo é matéria fugaz
lembre, quando estiver ferido enfrentando feras
que o hamster é uma preza que a pantera despreza

sim, você de coragem que está em situação braba
maneado a cordas de maneira que não se escapa
lembre, uma vez mais, que viver é pelejar
e o sentido, meu amigo, é a gente que faz

sei, a existência tinha que ser bem mais farta
cada país devia ter sua montanha de prata
a pobreza é a sombra de um jaguar
sempre à espreita da nossa jugular

mas e você aí, velho reaça
que condena ser livre com velhas lorotas
com seu fascismo em sofismas hipócritas
perceba a soberba do seu linguajar
toda avareza é um jeito de se enjaular

mas e você aí, sua farsa
que só fala merda com suas letras mortas
distorcendo a realidade dos fatos que não suporta
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar

mas e você aí, fascista de merda
o que restará de você, criatura necrófita
se seu ódio pelo justo jamais se esgota?
a falácia é sua a forma de se rastejar
é uma jararaca humana, sanguessuga de enojar

mas e você aí, imundície lerda
você sabe que não passa de bosta
você é pior do aquilo que arrota
você fede mais do que o lugar de mijar
Sua cara-de-pau imundame faz enjoar

mas e você aí, juventude de merda
que só fala merda com suas letras mortas
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar
Mas e você aí, fascistinha de merda
com seu fascismo em sofismas hipócritas
Você sabe que não passa de bosta
é uma jararaca  humana, sangue-suga de enojar
é uma jararaca  humana, sangue-suga de enojar

Mas e você aí,  velho reaça
que condena ser livre com velhas lorotas
com seu fascismo em sofismas hipócritas
perceba a soberba do seu linguajar
toda avareza é um jeito de se enjaular

Mas e você aí, sua farsa
Que só fala merda com suas letras mortas
Distorcendo a realidade dos fatos que não suporta
espalhando mentiras sem pestanejar
você já não pode ser feliz, só esbravejar

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