quarta-feira, 27 de setembro de 2017

De nada adianta temer o tempo
a vida tem vida própria
a gente se esquiva da roda
que a gente põe em movimento

indiferente a qualquer desejo
como a alegria que nos tem abandonado
ou melancolia desfeita com desprezo
incontrolável como o próprio acaso

mas é preciso que lutemos
contra aquilo que uns chamam de deus
também contra nós mesmos
contra o tempo, por esta vida que não se deu

Há no tempo uma espécie de ciclo
O coração se rendendo
ao desapego contínuo

Não se conta em número
ou em felicidade
Então creio que tudo
respeita a validade
dessa coisa que muda
Impenetrável, surda
do que é feito o mundo

Não é o relógio que o move
mas registra sua passagem
através de uma estrita lógica
Por mais que a gente olhe
é tão difícil que se saiba
se essa máquina misteriosa
poderá ser vista à sua hora

enquanto a busca nos entretém
sem grande anseio de ninguém
por uma Compreensão sem palavras

Não se culpa o relógio
quando vem a boa sorte,
por ser a via da vida,
mas pela chegada da morte

Então pra quê temer o tempo?
se é quase o mesmo que a vida
de alguma forma como o vento
ele, às vezes, também vira

De nada adianta temer o tempo
a vida tem vida própria
a gente se esquiva da roda
que a gente põe em movimento

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