quinta-feira, 5 de novembro de 2020

 marcha autofágica
 
o plástico colorido desses objetos tão legais
é o plâncton paleolítico que alimenta nossas máquinas
este chão está cheio, consumido por veículos demais
poluição espaço-física numa marcha autofágica
solapando solo de um país incapaz
 
(automóvelfagia)
 
nesse ar encardido, no cheiro das fábricas
tudo se desmancha e depois se refaz,
arde em fogo fecundo feito fênix fatais:
tudo o que é sólido, vivas abstrações,
sistemas invisíveis e velhas sensações
 
(marcha autofágica)
                  
tão sujando o mundo com mentiras nevrálgicas
frutas apodrecem, perecem espécies
pessoas fenecem, falham instituições
falácias se fixam firmes em ideais débeis
de jovens gerações de covardes corações
 
 (mentiras nevrálgicas)

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