segunda-feira, 8 de agosto de 2022

hoje acordei mais cedo
talvez pela voz do vento
antes do sol chegar e ir embora da minha sala
tive uns bons cinco minutos
antes de você aparecer na minha mente
depois que decidiu sumir da minha frente
já não dava as caras, em absoluto
 
e sua visagem ali me vendo
(um lógico estranhamento)
e agora você sem falar, sem se mover nada
sem dramas, sem estar brava...
parei assistindo você ficar transparente
até sair pelo próprio lugar em que estava
evanescendo lentamente
 
hoje fiquei amanhecendo
(é alguma coisa aqui por dentro)
antes que o rádio pudesse latir bom-dia
e a tv dar notícias requentadas no café
teu rosto ficou impreciso como outro qualquer
(essa imagem que encarna em fisionomia
o ser de cada um e que mais ninguém é)
pra mim há muito já perdeu sua fina sintonia
mas não sentia curiosidade sequer
e das cores reais que tinha
passou a cinzas, cores frias...
 
e assim foi como seria...
hoje, que nem um vigia
eu ainda vi o final da madrugada
tua   voz  de   vidro
decantou do espaço com a última geada
depois, confesso, cometi um breve pensamento
quase   que   fugido:            
o de pensar que sonho é uma terra encantada
e então olhar se não é só desperdício de tempo    



 


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