terça-feira, 30 de novembro de 2021

preciso me descolar de mim
e deslizar nas ruas por aí
praticar esse autossocorro
pra focar e me distrair
no meu ato de caminhar
nesse espaço que percorro
me aparece uma esplanada
como uma clareira na mata
pra eu dominar com o olhar
e ocupar com meu corpo

eu a completo com minha cara
e o lugar então se significa
através de quem passa ou fica
numa imagem que se espalha
como eu numa forma urbana
misturada com a cidade-humana
que tem nosso sangue nas veias
em nosso sangue a grande aldeia

uma criatura que se espelha
esse lugar estaria em falta
sem a vida que o permeia
seria concreto morto
um tempo que se arrasta
num propósito torto

a natureza em si se basta
mas la città é um erro
se não tiver as ruas cheias
é o território do desterro
daquilo que se descarta
pouco mais que um terreno
de onde se quer sair correndo
como um homem de si mesmo


2 comentários:

  1. Lindos de se ver essa cidade, a natureza que a permeia e o homem que nela se sublima.

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  2. Nossa! Muita sensibilidade diante de nossa dura e crua realidade humana-urbana.

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