quarta-feira, 17 de abril de 2024

Não foi o photoshop
que inventou a imaginação
nem fez a ousadia nas artes
Não foi o laptop
antes disso houve a revolução
feita com tintas e coragens
não foi nenhuma computação
quem descobriu a perspectiva...
anatomia...
luz, sombra, refração
mas que ativa
a utopia
 
nem foi a impressão colorida
que libertou a cor da forma
a intenção da norma
e os corpos das roupas
...e os ideais dos crâneos
e dos ossos e tutano
e das teias as moscas
da inquietação
pra pousar nas coisas
e botar em ação

Não foram as plataformas digitais
que criaram zueira ou humor e charges
que deram vida primeiro aos personagens
E muito antes já havia os dilemas morais!
as    mais    lavadas    mentiras
e as maravilhas das histórias surreais
Já havia a ficção... científica ou não
a ciência fictícia e a que tem os pés no chão
quer você acredite ou... tanto faz

Obviamente
não foi a inteligência artificial
que expandiu o espírito
que entranbriu a mente
não criou o bem e o mal
não fez os efeitos líricos
(ainda que inutilmente
isto aqui seja só um poema autoral
cerebral, ridículo
desfeito nesse mundo líquido)

E a tecnologia, na verdade
não criou sequer a mediocridade
banal, autorreplicante
isso já estava em tudo antes

      O que há de diferente?

senão as pessoas umas das outras

e de si mesmas através do tempo

indefinidamente

vagando nas realidades, soltas

em cada novo invento

somos a chama

a alma por trás, o drama

o barro, o nanquim, o que fica torto

a régua

a tecla e o clique, as rédeas

tudo é assim, nada sai pronto

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